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Chimarrão reduz risco de aterosclerose

Chimarrão reduz risco de aterosclerose, diz estudo da USP

 

 Apesar de o Rio Grande do Sul ser o Estado em que tradicionalmente mais se ingere carne bovina, a incidência de aterosclerose (doença causada pelo acúmulo de gordura nas artérias) entre os gaúchos equivale à média de Estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Para o pesquisador Edson Luiz da Silva, "um elemento presente na alimentação desta população deve protegê-los da doença".

 Em sua tese de pós-doutorado, realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP (Universidade de São Paulo), Silva estuda a ação da erva-mate, principal ingrediente do chimarrão, na prevenção e tratamento da aterosclerose.

 A doença resulta da oxidação da LDL (sigla, em inglês, para Lipoproteína de Baixa Densidade), processo que induz a substância gordurosa a se depositar nas artérias. "Esta ação oxidante reduz a reatividade vascular, comprometendo o vasorelaxamento necessário para uma boa circulação sangüínea e podendo causar, entre outras complicações, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral", explica Silva, que é professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

 "Se a aterosclerose resulta de um processo de oxidação, a introdução de compostos antioxidantes poderia prevenir ou reverter essa situação", raciocina o professor. Segundo ele, muito já se estudou sobre a ação antioxidante de fenólicos (compostos entre os quais figuram flavonóides e ácidos hidroxicinâmicos). Buscando uma fonte de fenólicos, Edson Luiz encontrou a erva-mate e experimentou, primeiramente, provar seu efeito antioxidante em coelhos alimentados com uma dieta rica em colesterol.

 Em dissertação defendida na federal catarinense por Ana Luiza Mosimann, sob orientação de Silva, foi demonstrada uma redução de 50% na incidência de aterosclerose nos animais, depois de administrado o chimarrão em suas dietas.

  Experiência

Bem sucedido na UFSC, o pesquisador quis provar o mesmo em seres humanos, na USP. Após jejum de 12 horas, os 12 voluntários da pesquisa retiraram uma amostra de sangue e, em seguida, ingeriram 500 ml de chimarrão.

 Em nova amostra de sangue, retirada uma hora depois, observou-se uma significativa redução das atividades oxidantes, tanto no plasma sanguíneo (média de 65% de redução) quanto na LDL isolada através de ultracentrifugação (redução média de 53%).

 "A LDL ainda estava protegida contra a lipoperoxidação (oxidação da lipoproteína), ou seja, os compostos do chá mate foram metabolizados e as substâncias vindas desta reação (os metabólitos) ainda estavam presentes no plasma total e aderidos à LDL, o que representa uma possível proteção contra o desenvolvimento de aterosclerose", diz Silva.

 O próximo passo, segundo o pesquisador, é verificar esse efeito benéfico em maior escala nos seres humanos. Edson Luiz projeta que, caso os resultados sejam promissores, a erva-mate poderá se transformar num alimento funcional ou num fitofármaco, indicado por médicos e nutricionistas. "Há também a perspectiva da erva-mate diminuir a incidência de outros problemas cardiovasculares, através da redução da concentração de colesterol, que é transportado no sangue na partícula de LDL."

  Homocisteína

 Sobre a recente constatação feita por pesquisadores do Instituto do Coração (Incor), que liga a aterosclerose à outra proteína, chamada homocistéina, Edson Luiz comenta que, neste ponto, a erva-mate também é benéfica.

 "Aumento da concentração de homocistéina no plasma sangüíneo leva à formação de lesões na parte interna das artérias e, conseqüentemente, ao início de um processo que pode culminar no desenvolvimento da aterosclerose" explica o professor. A prevenção e reversão deste quadro podem ser obtidas através de tratamento com vitaminas do complexo B, presentes na composição da erva-mate.

 Com informações da Agência USP.

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